Sao Paulo / SP - sexta-feira, 10 de maio de 2024

A consulta

Anatomia De Uma Consulta Médica Eficaz

Como aproveitar melhor o tempo de sua consulta

Introdução: A consulta e expectativas, porque planejar?

   Por sermos todos Humanos, é comum e esperado que ao dirigir-se a uma consulta médica, o paciente traga consigo uma série de expectativas.

   Se a razão da consulta for um novo sintoma, é normal estar ansioso sobre a possibilidade deste representar algo mais sério. Um problema que atrapalhe sua vida, seu bem-estar e/ou sua rotina.

   Se for uma consulta de rotina, o paciente deseja ter o tempo e a tranqüilidade de comunicar ao médico aquilo que está em sua mente e de obter respostas claras para suas dúvidas. Se está se submetendo riscos desnecessários ou se poderia efetuar alguma modificação que os minimizasse.

   Além destas expectativas, se esta for sua primeira consulta com este médico, o paciente ainda ficará ansioso sobre se gostará ou não do médico. Tudo isto é normal.

   Como por mais longa que seja, toda consulta é finita, para tornar a sua a mais satisfatória possível, recomendamos antecedê-la com alguns cuidados. Estas medidas visam criar condições ótimas para que todo o tempo de sua consulta seja empregado de forma produtiva a vosso favor.

   Tomamos o cuidado de listar medidas simples, informativas e que não requerem muito trabalho. Também gostaríamos de deixar claro que a Medicina é praticada segundo as convicções pessoais de cada profissional de modo que os pontos listados abaixo refletem a opinião do autor desta página e não tem nenhuma intenção de determinar ou descrever como outros profissionais absolutamente competentes exercem sua profissão.

   Esperamos sinceramente que seja de vosso agrado e proveito.

 

                                                            Prof. Dr. Eduardo Finger  

A)   O que é uma consulta médica?

   Podemos dividir as consultas médicas em essencialmente dois tipos básicos:

   a) Rotina ou acompanhamento: aquela que você ou o médico marcam com uma determinada freqüência (mesmo que não haja nenhum novo sintoma), para avaliar vossa saúde e/ou acompanhar algum tratamento previamente implementado  

   b) Diagnóstica: aquela que você marca devido ao surgimento de alguma nova  situação que vos está incomodando.

   Em ambas estas modalidades, o objetivo de seu médico é obter de você dados precisos e objetivos que sob a perspectiva médica, possam ser traduzidos em uma compreensão clara do que esteja ocorrendo com você e por isso, a consulta é essencialmente uma entrevista administrada pelo médico.

B)   Horário

   Para nós, horário é algo sagrado.

   Você tem nossa garantia de que tudo faremos para atendê-lo no horário marcado e que eventualmente, caso isto não seja possível por motivos de força insuperável, envidaremos todos os esforços no sentido de impedir que vosso precioso tempo seja desperdiçado mas respeito é uma via de duas mãos. Caberá a você a obrigacao de checar o horário e local de vossa consulta e de estar no lá no horário marcado. Uma falha neste sentido causará transtornos significativos para vários outros pacientes.

C)   O que trazer para a consulta?

   É do interesse do seu médico tomar conhecimento de qualquer dado ou evidência que esclareça vossos sintomas. Como nem você nem ele sabem ainda quais são esses, seria produtivo trazer para a consulta todos os exames realizados nos últimos seis meses assim como aqueles anteriores que tenham motivado condutas por outros profissionais. Por exemplo: um exame no qual outro médico se baseou para estabelecer um determinado tratamento. São de especial interesse exames anatomopatológicos ou de imagem, inclusive endoscopias, colonoscopias e afins.

   Também é extremamente útil trazer ou enviar antecipadamente por correio eletrônico, uma lista em ordem cronológica explicitando vosso histórico médico pregresso e o histórico de vossas medicações contendo as seguintes informações:

   - Quais medicações você já tomou?

   - Quais foram interrompidas ou substituídas?

   - Por que razão foram interrompidas ou substituídas?

   - Quais funcionaram ou não?

   - Com quais você se sentiu bem ou não.

D)  Meu médico não me escuta! Ou não me deixa falar!

   Só uma pessoa tem mais medo do que você de que seu médico cometa um erro: seu médico! E para evitar que isto aconteça, ele tem de extrair de você de forma clara e objetiva, todas as informações necessárias para formar um julgamento conclusivo.

   Apesar de você ser o detentor das informações que seu médico necessita, você precisa entender que algumas informações são absolutamente fundamentais e significativas enquanto outras não têm a mínima relevância.

   Com todo o respeito a vossa capacidade de discernimento, para um leigo (e as vezes também para o médico), é muito difícil julgar o que é medicamente importante ou não. Algumas vezes uma grande dor pode ser irrelevante enquanto uma pequena lesão quase imperceptível em sua pele pode revelar-se fundamental. É exatamente para realizar de forma precisa este julgamento que seu médico passa tantos anos estudando; para colocar os achados no seu contexto adequado e decidir se isto significa ou não risco para vosso bem-estar.

   Portanto, não fique chateado se ele não escolher o seu sintoma preferido como prioridade. Tenha certeza que se fosse relevante ele não o largaria até obter cada detalhe necessário para a decisão mais adequada possível.

E)   Quantos exames pedir?

   Após entrevistá-lo e examiná-lo, seu médico provavelmente já possui fortes suspeitas do que pode estar ocorrendo com você. Neste caso, o próximo passo é tentar confirmar esta suspeita objetivamente através de dados laboratoriais e é para isso que servem os exames, para demonstrar preto no branco a suspeita do seu médico.

   Ao pedir um exame, ele já sabe que resultado espera. Se o resultado vier como esperado, a suspeita se reforça ou confirma. Se não... melhor pensar noutra coisa.

   Outro detalhe que convém ressaltar é que exames não são tão precisos ou diretos quanto os pacientes pensam. Muitas vezes eles confundem mais do que auxiliam e para que sejam úteis, é sempre necessário interpretá-los no contexto do paciente e é sob esta perspectiva que algumas vezes, seu médico pode decidir ignorar um resultado ou repeti-lo.

   Com isto em mente e por convicção pessoal, na minha prática solicito apenas exames cuja finalidade diagnóstica consigo articular claramente. Se não consigo explicar a razão da solicitação, não o peço. Sei que esta prática frustra alguns de meus pacientes. Alguns já me falaram que adorariam ver a folha de exames totalmente preenchida. Que fazer exames lhes dá segurança, mas acreditem-me, é uma ilusão, uma falsa segurança e em minha opinião, não é no seu melhor interesse.

   Veja bem, um exame é uma fotografia pontual de um parâmetro biológico. Se por acaso, no dia da coleta você tiver dormido mal e por isto, um destes exames solicitados sem critério vier alterado, automaticamente seu médico ficará confuso pois terá de lidar com um exame alterado que não pode ser devidamente interpretado por não fazer parte do contexto diagnóstico. Assim, você possivelmente estará se expondo a riscos desnecessários uma vez que a explicação daquele resultado inútil provavelmente demandará outros exames, talvez até alguns invasivos fazendo com que estejamos essencialmente correndo atrás do próprio rabo, fazendo exames para explicar exames e não para determinar o diagnóstico. É para evitar este cenário que algumas vezes opto por não solicitar alguns exames.

F)   Pós-Consulta

   Vossa consulta não termina quando você sai da sala. Neste contato, é estabelecida uma relação. Vosso médico se sentirá a vontade para contatá-lo apos a consulta buscando esclarecimentos e novas informações, assim como você deveria se sentir a vontade para contatá-lo também se surgir algo relevante ou alguma nova dúvida.

   Meu meio preferencial de contato, devido à conveniência, é o correio eletrônico. Na consulta será solicitado vosso correio eletrônico e fornecido um correio eletrônico para que você possa entrar em contato comigo quando necessário.